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Da madeira a máquina, por Magnólia Costa - 2001

Durante séculos, os atos de cortar, cavar e lixar foram considerados pouco artísticos, mesmo quando associados à gravura, meio inventado para reproduzir mecanicamente imagens da pintura e da escultura. No mundo moderno, porém, a gravura ganhou plena autonomia, pois a reprodutibilidade e os atos que a possibilitam tornaram-se virtudes. E é no registro do moderno, ou melhor, dos processos de modernização, que se situa o trabalho de Laerte Ramos, que encontra na xilogravura o meio ideal para discutir o mecanicismo, a serialidade e o seu principal produto: a máquina. A discussão proposta por Laerte Ramos está longe de ser simples, pois entre o meio escolhido para a produção da imagem e a própria imagem não há uma relação harmônica de continuidade, mas uma relação tensa e de ruptura. Para o artista, a xilogravura é um meio artesanal, arcaico – qualidades que ele ao mesmo tempo referenda, com tiragens muito restritas, e solapa, utilizando o industrializado MDF em suas matrizes. E nesse meio, Laerte Ramos busca a frieza e a impessoalidade do mundo mecanizado, elaborando um vocabulário de formas cujo sintetismo evoca a objetividade dos ícones gráficos utilizados na sinalização de espaços públicos, padronizando-os e universalizando-os. Nada mais moderno, portanto. A força do trabalho de Laerte Ramos não se deve somente ao uso inusitado do meio e ao vocabulário econômico, mas à sintaxe de poucas regras que lhe permite mostrar uma modernidade bizarra, não funcional, ludicizada. Os recortes introduzidos nas densas massas de preto formam imagens de objetos cuja finalidade é subvertida, resultando em veículos inertes, máquinas inoperáveis, vistas urbanas impossíveis. Um comentário irônico da vida nas grandes cidades e do caráter opressivo dos seus processos de constante, e quase sempre inútil, modernização.

From wood to the machine (ENGLISH)

            For many centuries, cutting, digging and sand papering were not considered very artistic activities even when associated to printing as mechanice way to reproduce painting and sculpture images.

            In the modernism printing got great autonomy because the acts that make it possible became virtues. And it is through the process of modernizations that we find Laerte Ramos work, using woodcutting as the ideal way to discuss the mechanism, the series and its most important product, the machine.

            Laerte Ramos proposal it is not simple bacause betwenn the way he choose to poduce the image and the own image there is no harmonic continous relationship but a “tense” relationship of rupture. To him the artist, the woodcutting it is na arcaic way of artcraft, qualities that he at the same time refers with very fews editions, using the industrialized MDF in his matrixes. In this way, Laerte Ramos looks for the cold and the impersonal mechanic world, creating a vocabulary of shapes whose sythetism reminds the objectivity of the grafic icons that are used in public places, giving them a pattern and universality. Therefore, his work is completly modern.

            The strength of Laerte Ramos work is not only based on the economic vocabulary but to the syntax of few rules thet allows him to show a gentle modernism not functional, sometimes based on games. The cuttings that appear in the dense black areas make imeges of objects. 

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